Do grego eso, “dentro de”, este termo existe por oposição a exoterismo (do grego exo, “fora de”), que designa o saber exterior. O esoterismo é, então, o saber propriamente interior, que existe para lá das aparências e que exige um esforço para se poder atingi-lo.
A primeira vez que se usou tal termo na forma de substantivo foi em 1828, numa obra de Jacques Matter (Histoire du Gnosticisme). Até aí esse termo existia apenas como adjetivo, designando, por exemplo, uma filosofia esotérica ou uma arte esotérica. Qualquer um destes substantivos, acompanhado do adjetivo “esotérico”, implica a noção de “ir dentro”, ou seja, uma hermenêutica que permita ver mais longe do que o aparente que é dado, porque, como já vimos, o esotérico vai de par com o exotérico, sendo este último a escada que permite ascender a esse patamar superior: não há um “fora” se não houver um “dentro” e o contrário também é verdade.
O saber esotérico em qualquer das modalidades que se apresente (filosofia, arte, história, literatura ou arquitetura) tem por base uma doutrina que implica a relação das causas primeiras (metafísicas) com as causas segundas (cosmológicas). Nesta relação sobressaem algumas características que são as do esoterismo.
A primeira característica é a de que o cosmos é um ser vivo, um todo orgânico que caminha teleologicamente para a perfeição, cabendo aí ao homem o papel de redentor. Num organismo tudo está ligado a tudo, embora entre os órgãos possamos estabelecer uma hierarquia, na qual o homem representa para o cosmos o mesmo que a mente humana representa para o corpo. Uma parte afetada implica que o todo se veja afetado. A mente pode cuidar ou não do corpo e a degradação ou purificação deste afetará aquela. Para o esoterismo o homem tem o dever de cuidar da natureza e de espiritualizá-la ou redimi-la.
Todas as religiões têm um lado esotérico, por exemplo, a cabala no Judaísmo, o sufismo ou o xiismo no Islamismo e o ch’an ou Zen no Budismo; contudo, este lado nem sempre é reconhecido pela ortodoxia religiosa.
Há disciplinas esotéricas, quer dizer, diferentes modos pelos quais, segundo os esoteristas, se pode abordar o divino. Deus deixou a sua “assinatura” esparsa na natureza: a alquimia ou a astrologia representam dois saberes esotéricos que têm vindo a ser reabilitados, sobretudo pela psicologia.
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